Por Miguel Nunes Silva

No Folha Nacional

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Foi recentemente notícia que o Relatório Anual de Segurança Interna sonega intencionalmente as nacionalidades dos perpetradores de criminalidade grave e violenta.

É possível questionar a relevância de tal dado estatístico mas quando o tópico é polémico e o relatório é feito por uma entidade pública, os critérios da sua elaboração devem satisfazer os requisitos da maioria da população: a identidade dos criminosos é um dado por demais debatido pelo que a sua ausência do relatório apenas pode ser vista como ideologicamente enviesada.

Tal falta de ética não é sequer inédita em Portugal. A Comissão para a ‘Igualdade’ e Contra a Discriminação Racial (CICDR) já tinha recomendado publicamente que as forças de segurança procurem evitar referências à nacionalidade etnia, religião ou “situação documental” de “qualquer alvo de acção policial”. A Comissão aconselhou ainda os meios de comunicação social a evitar as mesmas referências na divulgação noticiosa.

Como é óbvio, tais …conselhos resultarão apenas no reforço da narrativa anti imigração pois na eventualidade de que os ditos dados ilibassem ou desmentissem os cépticos, não haveria entraves à recolha e publicação dos mesmos.

Como em tudo, Portugal não só não é original na sua censura politicamente correcta mas faz mesmo questão de emular os piores exemplos da mesma na Europa, nunca aprendendo empiricamente com os maus exemplos do continente.

A tendência orwelliana para amordaçar em nome da tolerância iniciou-se na Suécia aonde o governo esquerdista decidiu, no início dos anos 2000, que depois de várias décadas de recolha de dados relativos à imigração, a imagem negativa da imigração oriunda dos Balcãs dada pelos resultados dos relatórios estatísticos era demasiado inconveniente para continuar.

Esta decisão permitiu um consenso artificial sobre o acolhimento em massa de imigrantes ilegais cujos resultados desastrosos, a partir de 2014, foram tão extremos que Estocolmo se viu obrigada a suspender a liberdade de circulação de Schengen um ano depois e a requerer uma derrogação em conjunto com outros países do norte da Europa.

Esta tendência seria posteriormente copiada por outros governos europeus, particularmente a partir do pico da criminalidade resultante da crise migratória iniciada em 2014. Na Alemanha, até a própria polícia foi orientada a ignorar a identidade de perpetradores e à semelhança da Suécia, até ministros admitem que a recolha de dados estatísticos foi intencionalmente negligenciada.

Como se o contexto da segurança não bastasse, no passado mês de Maio, um think-tank britânico publicou um relatório que vem pôr mais achas na fogueira do tema, ao concluir que – ao contrário daquela que é a narrativa governamental e jornalística prevalecente – a imigração em massa é contraproducente mesmo em termos económicos.

O Centre for Policy Studies no seu relatório Taking Back Control, conclui que a imigração líquida é responsável por 89% da pressão imobiliária no Reino Unido, que os imigrantes em idade activa oriundos do norte de África, Médio Oriente e Turquia estão economicamente inactivos em dupla proporção relativamente aos britânicos autóctones, e ainda que os ganhos salariais variam consoante a origem nacional com imigrantes da anglosfera chegando a pagar nove vezes mais IRS per capita do que paquistaneses e somalis.

Como é evidente, se a média salarial de estrangeiros é inferior à nacional, necessariamente as suas contribuições para o Orçamento de Estado serão um fardo para o equilíbrio das finanças públicas em vez de uma mais valia.

Ao contrário do Reino Unido, porém, Portugal beneficia de duas variantes de fluxos de imigração, de forma desproporcional aos estados do norte da Europa: os nómadas digitais e os pensionistas. Estes imigrantes chegam sobretudo de países da OCDE e claramente contribuem mais do que recebem, sendo a sua integração igualmente pacífica. Por conseguinte, a pressão sobre a infraestrutura nacional é mitigada pelas contribuições deste fluxo de recém chegados, ao passo que é agravada pela chegada de outros.

Longe de pruridos pseudo moralistas, a função institucional e deontológica das entidades do Estado é precisamente informar os cidadãos e os governos o melhor possível, sobre como modular políticas públicas. No caso da imigração em massa, é dever do governo orientar a entrada de estrangeiros para o melhor interesse da nação e é deontologia das instituições do Estado não corromper o seu dever de isenção normativa e transparência metodológica, sob pena de perderem a confiança dos contribuintes que os incumbiram de legitimidade pública.

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